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Desmistificando o Bullying no Ambiente de Trabalho: Compreender, Identificar e Combater

Imagine começar seu dia de trabalho com apreensão, sabendo que enfrentará comentários depreciativos, isolamento intencional ou até intimidação por parte de colegas. Infelizmente, para muitas pessoas, esta não é uma situação hipotética, mas uma realidade diária. O bullying no ambiente de trabalho pode assumir diversas formas, desde comentários insidiosos até comportamentos abertamente agressivos. Estes atos não só deterioram a moral e a saúde mental da pessoa, mas também comprometem a cultura e a eficiência organizacional. Muitas vezes, conceitos como bullying, racismo recreativo e assédio são confundidos ou mal interpretados. Este artigo visa esclarecer essas diferenças e oferecer insights sobre como identificar e combater o bullying no ambiente de trabalho, assegurando um espaço seguro e acolhedor para todas as pessoas colaboradoras. 

Bullying, Racismo Recreativo e Assédio: Entendendo as Diferenças Legais e Práticas 

  • Bullying no Trabalho: O bullying é caracterizado por comportamentos repetitivos que buscam intimidar, diminuir ou humilhar alguém. Até o momento, o Brasil não possui uma legislação específica que aborde o bullying no ambiente de trabalho de forma direta (como é o caso da lei 14811/2024 que  Institui medidas de proteção à criança e ao adolescente contra a violência nos estabelecimentos educacionais ou similares) o que representa um desafio para as vítimas e as organizações na hora de lidar com esses casos. De acordo com o Instituto Americano Workplace Bullying, 62% dos agressores são homens e 58% das vítimas são mulheres, revelando uma dinâmica de gênero preocupante. Além disso, 80% dos casos de bullying entre mulheres são perpetrados por outras mulheres.  
  • Assédio no Trabalho: Diferentemente do bullying, o assédio no ambiente de trabalho é coberto por legislação específica. A Lei nº 14.457 de 2022 introduziu mudanças significativas no combate ao assédio no local de trabalho. A lei exige que as empresas vinculadas à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA) adotem medidas para prevenir e combater o assédio e outras formas de violência no local de trabalho. 
  • Racismo Recreativo e suas Implicações Legais: Qualquer forma de racismo, incluindo o chamado racismo recreativo — que são comentários ou piadas racistas disfarçadas de humor —, é considerado crime no Brasil. A legislação brasileira é clara e rigorosa em relação ao racismo, exigindo das organizações e das pessoas uma postura firme contra qualquer manifestação de racismo. 

Exemplos de Bullying no Ambiente de Trabalho: 

  • Isolamento Social e Profissional: Excluir uma pessoa das atividades e decisões importantes do grupo de trabalho. 
  • Humilhação Pública: Fazer críticas constantes ao desempenho ou à aparência de alguém em frente a colegas ou durante reuniões. 
  • Intimidação: Ameaças veladas ou explícitas relacionadas ao status do emprego ou ao bem-estar pessoal. 

Estatísticas Relevantes Sobre Bullying no Ambiente de Trabalho: 

  • Violências Mais Comuns: Segundo uma pesquisa do Instituto Workplace Bullying, as violências mais comuns incluem apelidamento (52,5%), intrigas e fofocas (47,5%), brincadeiras de mau gosto (37,5%), humilhações (32,5%) e desprezo e exclusão (32,5%). 
  • Impacto do Bullying nas Carreiras: Conforme dados do site CareerBuilder, 28% dos profissionais já sofreram bullying no trabalho, com 19% desses pessoas optando por deixar ou trocar de emprego devido a essas experiências. 

 

Estratégias para combater o Bullying no Trabalho: 

  • Políticas Claras e Treinamento de Sensibilização: Implementar políticas claras que definam e proíbam o bullying, acompanhadas de programas de treinamento para educar a equipe sobre o respeito mútuo e as consequências do bullying. 
  • Promoção da Diversidade e Inclusão: Reforçar programas que promovam a diversidade e a inclusão, criando um ambiente de trabalho onde todas as pessoas se sintam valorizadas e parte do time. 
  • Canais de Denúncia e Apoio às Vítimas: Estabelecer canais seguros e confidenciais para que as pessoas colaboradoras possam reportar incidentes de bullying, assegurando que as queixas sejam tratadas com seriedade e de maneira justa. 

Conclusão

A luta contra o bullying no ambiente de trabalho é complexa, especialmente na ausência de legislação específica. No entanto, compreender as implicações legais do assédio e do racismo, bem como implementar políticas eficazes, são passos essenciais para garantir um ambiente de trabalho seguro e inclusivo. As organizações devem assumir a responsabilidade de proteger sua equipe e promover uma cultura de respeito e dignidade para todas as pessoas. 

Pessoas gestoras e lideranças empresariais devem se comprometer a revisar e reforçar as políticas de conduta no trabalho, garantindo que o bullying não tenha lugar em suas organizações. É fundamental que todas as pessoas no ambiente de trabalho se comprometam a criar uma cultura de tolerância zero contra o bullying, o racismo e qualquer forma de assédio. 

Por Aline Frutuoso

Bibliografia: 

https://congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/a-nova-lei-do-racismo-como-instrumento-de-consolidacao-da-democracia

https://www.megajuridico.com/o-racismo-recreativo-e-repercussoes-na-justica-do-trabalho

https://www.conjur.com.br/2023-abr-05/flavia-alcassa-consideracoes-lei-1445722

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/Lei/L14457.htm

https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/bullying-no-trabalho

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